“No passado fim-de-semana estive no Porto, mais propriamente no Circuito da Boavista, a convite da Q&F e da FORD Lusitana para participar no FORD TRANSIT TROPHY, uma competição que coloca em pista o modelo mítico do construtor norte-americano que já conta com mais de 45 anos de vida plenos de sucesso comercial.
Até aí tudo bem - pensei eu - a Transit é uma adaptação à competição algo básica, as prestações devem ser niveladas por baixo, portanto, vou aceitar o convite que gentilmente me endereçaram, divirto-me um pouco e aproveito para conhecer o circuito urbano do Porto…
Estava redondamente enganado… pela positiva …
Logo à chegada ao circuito percebi que o espaço do troféu era um dos mais atractivos do paddock! Muitos curiosos à volta das carrinhas de competição e desde logo percebi que estas máquinas tinham sofrido um trabalho extenso de preparação que as transformou num verdadeiro veículo de competição.
Ao entrar em pista a adaptação foi rápida e deu para perceber duas coisas de imediato!!
Primeiro, as Transit são capazes de correr na devida asserção da palavra – Um bom motor, com um excelente binário e potência disponível, e um comportamento dinâmico que apesar de exigir adaptação por parte do piloto, rapidamente permitia descobrir os limites da carrinha e começar a pedir um pouco mais de afinco na busca de bons tempos por volta. Divertidas de pilotar, cedo comecei a ter a confiança necessária para discutir as travagens com os restantes concorrentes, e a abordar com mais ímpeto as difíceis curvas e chicanes do circuito, sempre com a ajuda da Transit que não se escusava a aceder aos meus pedidos no acelerador.
Em segundo lugar, a qualidade das equipas presentes com bastantes pilotos de renome transformaram rapidamente o meu fim-de-semana como convidado numa acção promocional, numa enorme entrega da minha parte em corresponder ao apelo da competição, e em tentar obter um bom resultado tais os níveis de adrenalina e de competitividade que as Transit proporcionam.
Dei o meu melhor, tentei aprender rapidamente o carro e a forma de condução em circuito, muito diferente dos ralis em que habitualmente participo. No final o segundo lugar que obtive atrás dos actuais líderes do Desafio foi um excelente prémio, mas melhor do que o resultado, foi a experiência que me proporcionaram e que desde já agradeço à Q&F e à Ford, bem como ao meu colega de equipa, o João Bica que também na segunda corrida soube estar na luta por uma posição de destaque.
Uma outra palavra para o ambiente do Circuito da Boavista. Não me recordo de alguma vez ter visto tanto público em qualquer evento motorizado em que participei. Bancadas cheias, um paddock movimentadíssimo e acima de tudo muito animado, onde fui interpelado por muitos adeptos que me fizerem o gosto de endereçar algumas palavras de apreço e incentivo para a minha aventura no SWRC deste ano, e ainda o reparo para as muitas bandeiras nacionais e também da Madeira que se fizeram representar. Foi impossível não sentir uma grande emoção ao estar lá e viver aqueles momentos como vivi. É destes momentos que se faz a nossa aventura de ficar atrás de um volante a tentar ser mais rápido que os restantes, e o nosso esforço é também sustentado em todos os que nos apoiam da melhor forma que podem e sabem! Para vós igualmente, o meu agradecimento!
Para os organizadores do Circuito, a palavra final. Não deixem esmorecer esta força que testemunhei na Boavista. Portugal gosta dos desportos motorizados e não é preciso melhor prova do que aquela que observei no fim-de-semana!! Um circuito urbano lindíssimo, desafiante, num local fantástico e com condições excelentes para todos, desde os praticantes aos adeptos, e uma adesão monumental dos adeptos a envergonharem outras modalidades supostamente mais mediáticas e mais merecedoras da atenção dos meios generalistas de comunicação social.
Uma enorme saudação para todos, e até ao rali da Finlândia já no meu “pequeno” Ford Fiesta S2000… vou ter saudades da Transit!! Espero repetir a experiência! “
Crónica por Bernardo Sousa
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