O mês de Maio foi sem duvida dos meses mais fatídicos de sempre nos desportos motorizados. Depois de ontem termos registado que a morte de Ayrton Senna havia sido há 17 anos, hoje é tempo de relembrar Henri Toivonen e o seu navegador Sérgio Cresto, e Attilio Bettega, todos falecidos no Tour de Corse
O dia 2 de Maio marca os ralis para sempre pela negativa, pois no mesmo dia e com diferença de apenas um ano, e no mesmo rali, viria a falecer, primeiro Attilio Bettega e no ano seguinte, uma lenda dos ralis ... Henri Toivonen .... faz hoje 25 anos.
A temporada de 1985 parecia ser um ano difícil. Enquanto o novo modelo, o Delta S4, não estava pronto, a equipa oficial Martini Lancia estava “condenada” a usar os 037, que não tinham ritmo para acompanhar as equipas da frente. Nessa época, além do programa mundial, Bettega iria disputar as principais provas do Europeu de Ralis, aonde a Lancia ainda mantinha uma quase incontestada supremacia, ao volante da equipa Tre Gazelle-West, acompanhado do italiano Sergio Cresto, que já tinha sido seu co-piloto na Córsega e na Acrópole na temporada anterior.
A época começou mal, com uma sucessão de abandonos e, de regresso à ilha de Napoleão, Bettega pretendia inverter a malapata e estava a lutar pela vitória, ocupando o quarto posto à entrada da especial Zérubia-Santa Giulia, no Sudeste da Córsega, perto de Aullène. Pouco depois da partida do troço cronometrado, Bettega perdeu o controlo á saída de uma direita rápida, a cerca de 150 Km/h. O Lancia deslizou para a esquerda, bateu num poste e caiu numa ravina com cerca de 2,5 metros de profundidade, colidindo violentamente com uma árvore entre o tejadilho e o pára-brisas do lado direito do carro.
O impacto provocou morte instantânea a Attilio Bettega. O seu co-piloto, Maurizio Perissinot escapou incólume e subiu rapidamente para a estrada, de forma a alertar os outros pilotos do acidente. Biasion, Béguin e Chatriot pararam imediatamente as suas viaturas e a organização anulou a especial de imediato. A ambulância chegou ao local 20 minutos depois, mas os médicos nada mais poderiam fazer que constatar a morte do italiano.
A equipa oficial da Lancia retirou imediatamente Markku Alén em sinal de luto, enquanto Miki Biasion, ao volante de um Lancia semi-oficial da Jolly Club abandonou após a sexta especial, pois não se sentia em condições de continuar. Quando a notícia da morte foi tornada pública, a equipa Tre Gazelle-West retirou os seus carros do Rally Zlatni Piassatzi, na Bulgária, aonde se disputava mais uma ronda do Europeu de Ralis.
Por ironia do destino, um ano depois, Henri Toivonen e Sérgio Cresto (que também tinha acompanhado Bettega) morreriam carbonizados após um acidente semelhante na prova corsa, ao volante do Lancia Delta S4.
Henri Toivonen nascido em Jyväskylä, na Finlândia, recebeu inspiração do seu pai, Pauli Toivonen, Campeão Europeu de Ralis em 1968 tendo ganho provas como o Monte-Carlo, 1000 Lagos ou Acrópole. Henri Toivonen aprendeu a conduzir aos 5 anos e apesar das suas ligações aos ralis, iniciou a carreira nos karts, conseguindo alguns títulos, mas acabou por não resisitir à sua paixão que eram os ralis e por isso dedicou-se a tempo inteiro aos ralis. O seu kart foi vendido aos pais de um rapaz de 6 anos chamado Mika Häkkinen, que curisosamente se viria a sagrar Campeão Mundial de F1 por duas vezes.
Toivonen estreou-se no WRC com 19 anos, na prova do seu país onde viria a desistir ao volante de um Simca Rallye 2, tendo a seu lado Antero Lindquist. Era um dos mais espectaculares pilotos de todo o mundo e deu um passo em frente na sua carreira quando entrou para a Talbot, mesmo à experiência. O seu problema era o estilo de condução demasiado exuberante que fazia com que os muitos acidentes não deixassem aparecer os resultados representativos do seu ritmo em prova e que fizeram com que trocasse de navegador por várias vezes. Numa altura em que ninguém esperava um Toivonen capaz de ganhar o RAC, eis que o rapaz de apenas 24 anos e 86 dias vence o rali com 4 minutos de avanço sobre Hannu Mikkola.
Toivonen tornava-se assim o mais jovem piloto de sempre a vencer um rali do WRC, um recorde que só viria a ser batido em 2008 por Jari-Matti Latvala. Em 1982 Toivonen entra na equipa da Opel fazendo equipa com Ari Vatanen, Walter Rohrl e Jimmy Mcrae mas tem dificuldades em adaptar-se ao Ascona 400. No ano seguinte passa a guiar o Manta 400 com mais sucesso mas com algumas desistências. Nesse mesmo ano faz o Rali San Marino ao volante de um Ferrari 308 GTB e ainda algumas provas de circuito.
Em 1984 esteve para ir para a Peugeot-Talbot mas acabou por ficar na Porsche no Campeonato Europeu de Ralis com a assistência da Prodrive, uma nova preparadora de David Richards. Nesse mesmo ano guiou um 037 pela Lancia em 3 ralis do WRC. Em 1985 com a Lancia, começa a temporada com um violento acidente no Rali Costa Esmeralda a contar para o europeu. Nesse mesmo ano Henri e Markku Alén perdem o seu companheiro de equipa Attilio Bettega, também ao volante de um Lancia 037, no Tour Course, faz hoje 26 anos. Depois de recuperar do acidente de início de temporada, Toivonen regressou com bons resultados mesmo que o 037 não favorecesse o seu estilo de condução e tivesse muito menos potência que o Peugeot ou o Audi.
Ainda nessa temporada, no último rali, o RAC, é estreado o Lancia S4 com o qual Henri Toivonen ganha a prova com Alen a secunda-lo com o mesmo carro. A temporada de 1986 começa com uma vitória expressiva de Toivonen no Rali de Monte-Carlo. O seu pai havia ganho aquela prova 20 anos antes, agora Henri estreava um novo navegador, Sergio Cresto. No Rali da Suécia desiste e no Rali de Portugal abandona a prova em prostesto pelas condições da prova, depois do acidente de Joaquim Santos que causou vítimas mortais. Em Portugal Henri aproveita para testar o S4 e numa volta ao Circuito do Estoril consegue uma marca que lhe permitiria obter um 6º lugar na grelha de partida do GP de Portugal em F1 desse ano.
Henri Toivonen estava claramente lançado para um título mundial, quem o poderia parar? No Tour de Corse, Henri estava doente com gripe mas insistiu em guiar, depois de não pontuar nos dois últimos ralis. Ele estava exausto e tomava um medicamento para a dor de garganta, era dificil manter o S4 em estrada, era demasiada potência para um rali como o Tour de Course. Mesmo assim, já liderava a prova com alguma vantagem mas no 18º troço não evitou uma saída de estrada numa curva sem protecção. O Lancia caiu numa ravina e embateu numa árvore que causou uma explosão da qual Henri e Sergio não conseguiram escapar. Poucas horas depois Jean-Marie Balestre e a FIA decidiram banir os Grupo B para a temporada seguinte. Mais tarde ficou provado que os Grupo B eram mais rápidos que os reflexos dos pilotos. Henri Toivonen é um dos pilotos de ralis mais conhecidos de sempre, para alguns é mesmo o melhor de sempre. É talvez a vitima mais visivel do Grupo B, que tinha tanto de espectacular como de perigoso...!
Curiosamente Tanto Bettega como Toivonen estavam inscritos com o número quatro, que nunca mais foi atribuído pela organização até 1996, quando Tommi Mäkinen o usou no seu Mitsubishi. Claro que o número não ditava sorte nem azar, mas ironicamente o finlandês viria a abandonar com o carro danificado, após atropelar uma vaca.
A todas as lendas dos desportos motorizados o nosso obrigado por todos os que inspiraram e continuam a inspirar… só as lendas o conseguem fazer depois da morte.
Fonte de Informação: Wikipedia; continental-circus.blogspot.com Redação: MestreJoaoNasCorridas
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