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Ayrton Senna morreu há 17 anos

No dia 1 de Maio de 1994 viria a falecer aquele que foi um dos melhores, se não mesmo o melhor, piloto de Formula 1 da História, Ayrton Senna.
Após épocas de muita "guerra" dentro e fora da pista com Alain Prost, Ayrton havia mudado para a Williams Renault, pela mão de Frank Williams. Os carros da Williams Renault que Prost tinha usado no último título do ano anterior, eram mais evoluídos a nível electrónico e permitiriam a Senna evoluir, já que os carros que guiava na Mclaren já não eram eficazes.
Mas quando Senna mudou para a Williams Renault, a FIA baniu alguns dos dispositivos electrónicos que geraram polémica ao assistir os pilotos nas corridas de Formula 1. O objectivo era impedir o domínio das equipas mais ricas, como a Williams Renault, campeões mundiais.
Desta forma Ayrton Senna corria contra o tempo, pois tinha de se ajustar com a equipa e tratar das afinações do carro. Senna dizia estar desconfortável. Os carros tinham perdido o controlo de tracção, o travão especial e a suspensão electrónica. Senna referia que: “Os carros, como eu já disse antes, de imediato, são um pouco mais instáveis, com a retirada da suspensão electrónica. E um pouco mais difíceis, então, por consequência, de pilotar. Talvez tenha mais carros rodando, saindo da pista. Então ali, a gente talvez veja mais carros rodando, mais emoção para o público. Para nós, até ao ponto em que não acontece nada. Quando acontece alguma coisa, não é muito confortável”.
No Grande Prémio do Brasil de 27 de Maço de 1994, quando Ayrton Senna era segundo a 8 segundos de Michael Schumacher, na volta 56, o piloto brasileiro perde o controlo do carro e acaba por fazer um pião que o fazia desistir. Patrick Head, Engenheiro Chefe da Williams dizia no final: “Nós certamente não estamos contentes com o desempenho do carro no momento. Conduzi-lo não está fácil. “
Os carros não deveriam ter nenhum dos componentes electrónicos que tinham no ano anterior. Mas Senna estava convencido que a Benetton Ford de Michael Schumacher, que vencera as duas primeiras provas da temporada (Grande Prémio do Brasil e Grande Prémio do Pacifico de 17 de Abril de 1994) usava alguns desses componentes, principalmente o controle de tracção, que elimina o rodopio das rodas.
Frank Williams, chefe de equipa da Williams Renault, disse num recente documentário à vida de Ayrton Senna, realizado por Asif Kapadia que: “ Não fazia sentido que a Benetton o (Senna) estivesse a deixar na poeira. Ele queria que protestássemos… o que não fizemos”
Nos treinos de Sexta Feira do GP de Imola, Rubens Barrichello viria a sofrer um aparatoso acidente, acabando por saír quase ileso, sofrendo apenas uma lesão no braço. Já no Sábado, nos treinos de Qualificação, Roland Ratzenberger, ao final da curva Tamburello, via a asa dianteira do Simtek soltar-se e o piloto, sem controlo do carro, chocou violentamente contra o muro na curva Villeneuve, a cerca de 308 Km/h. Mais tarde viria a ser confirmado pela FIA, o falecimento do Piloto Roland Ratzenberger, com o carro número 32 da MTV Simtek Ford, no Hospital Maggiore Bologna.
O Prof. Sid Watkins, médico da F1, com que Senna tinha uma relação muito especial e invulgarmente própria, após Senna ter ficado consternado e ter mesmo chorado após a notícia, disse-lhe:" Sabes, Ayrton, és tricampeão mundial. És o homem mais rápido do mundo, [e como ele gostava de pescar], por que não te aposentas, e aí eu aposento-me também e vamos pescar?", Senna disse:"Sid, não posso desisitir"
No Jantar de Sábado, Frank Williams, tinha duvidas se Senna iria alinhar no Gran Prémio. Reginaldo Leme, comentarista da Globo, que acompanhava de muito perto a carreira do piloto brasileiro afirmava ter a certeza que o piloto não queria correr.
Viviane Senna, irmã de Ayrton Senna refere no documentário: “Naquela manhã, quando ele acordou… pediu para deus falar com ele. E abriu a bíblia e leu um texto, que falava assim, que deus ia dar para ele o maior presente de todos os presentes, que era ele mesmo”
No dia 1 de Maio de 1994, Domingo, logo na partida J.J. Lehto da Benetton não arrancou no momento do sinal verde, ficando parado, sendo totalmente abalroado pelo português Pedro Lamy da Lotus, felizmente sem consequências para ambos.
O Safety Car entrou em pista, após a sua saída, Senna liderava, seguido por, Schumacher. Na sexta volta, Schumacher tentava colocar pressão em Ayrton Senna, quando já na sétima volta, Senna despista-se violentamente contra o muro da curva Tamburello. Toda a gente ficou apreensiva e estupefacta com o que tinha acontecido.
O Prof. Sid Watkins contou o episódio no documentário sobre Ayrton Senna: “tiramos o Senna do cockpit, tiramos-lhe o capacete e entubamos-lho, e eu percebi pelos seus sinais neurológicos, que era uma lesão letal à cabeça. Ele suspirou por um instante e o seu corpo relaxou. E foi naquele momento… Não sou religioso… Mas eu pensei que o seu espírito tinha partido.”
As lágrimas viriam a invadir todo o mundo, com 41 vitórias e 65 Pole Positions, e apenas 34 anos, viria a sucumbir o eterno piloto da história da Formula 1.
Uma das vozes que narra o documentário produzido por Asif Kapadia diz, “mesmo em velocidade de corrida, a Tamburello não é uma curva em que se faz um erro humano. Algo tinha acontecido com o carro. A direcção hidráulica pode ter falhado. Pode ter sido a temperatura dos pneus que fez com que o carro deslizasse para fora da pista. Será sempre um mistério”.
Reginaldo Leme disse no documentário, “Houve uma causa? Houve. Mas o que eu acredito mesmo é essa quebra na barra de direcção e o carro ficou incontrolável. Mas acima de tudo foi uma fatalidade porque a batida do carro no ângulo exacto para que um braço de suspensão atingisse o capacete.”
Outra das vozes que narra o documentário refere que, “A sorte de Senna terminaria, ele não tinha um único osso do corpo partido. Nem um hematoma. Se aquela parte do carro tivesse passado 1% de centímetros para cima ou para baixo, ele teria andado de volta para as boxes”
A 4 de Maio, realizava-se em São Paulo o funeral do piloto brasileiro, que contou com inúmeras figuras da Formula 1 entre pilotos, entre eles o grande rival de Senna, Alain Prost com quem Senna não teve uma relação fácil, chefes de equipas e milhões de brasileiros nas ruas. Chorou a família, os amigos, os companheiros de corrida, chefes de equipas, os brasileiros … todo o mundo.

 
(Continua na Parte 2)

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